terça-feira, 25 de agosto de 2009

O CURIÓ


NOME - Curió ou Avinhado
NOME CIENTÍFICO - Oryzoborus Angolensis (O IBAMA adotou o nome científico SPOROPHILA ANGOLENSIS)
SIGNIFICADO DO NOME: Curió significa na linguagem indígena "Amigo do homem".
ORDEM: Passeriformes
FAMÍLIA: Fringilídeas ou (segundo o IBAMA) Emberezidae
NOME EM INGLÊS: Thick-billed (Lesser) Seed Finch
NOME EM ESPANHOL: Semillero Picogueso
ALIMENTAÇÃO NO HABITAT NATURAL: Alimenta-se basicamente de alguns insetos, várias sementes com exclusividade na semente do capim navalha.
COR: marrom quando novo. Depois de completar 420 dias suas penas ficam pretas com apenas uma pequena mancha branca na asa e sua barriga e peito fica na cor vinho, a fêmea é marrom com um tom mais claro no peito mesmo quando adulta.
LOCALIZAÇÃO: Todo o Brasil e alguns lugares da América do Sul. Habita as regiões litorâneas brasileiras e principalmente o litoral paulista.
TEMPO DE VIDA: 30 anos no cativeiro (se bem cuidado) e de 8 a 10 anos na vida selvagem.TAMANHO: 14 cm
ÉPOCA DE ACASALAMENTO: ocorre no mês de setembro até o fim de março
FÊMEA - INÍCIO DO PERÍODO FÉRTIL: 6 meses a 1 ano
PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 12 dias
Nº DE OVOS: de 1 a 3 ovos por ninhada.
MUDA (TROCA DE PENAS: acontece entre março e junho (dependendo da região e do pássaro).
O nome Curió na língua tupi guarani significa "Amigo do Homem", pois este pássaro gostava de viver perto da aldeia dos índios. Esta característica de se aproximar do ser humano, a sua elegância, a enorme capacidade de disputar pelo canto quem é o dominador do território, e a enorme qualidade de seu canto, fez do curió um amigo muito estimado entre os criadores e amantes de pássaros em geral. O canto de curiós é tão apreciado que, nos concursos, essas qualidades são muito importantes.
O Curió aprende a cantar desde pequeno com o pai, porém, os "sperts" aconselham que os filhotes ouçam o canto do pai, somente se este canto for perfeito. As aves emitem sons que podem exprimir alegria, tristeza, aviso de alerta, dentre outros. Há uma grande variedade de cantos, e varia de região para região, havendo casos de pássaros que emitem até 40 assobios diferentes.
No Brasil já foram encontrados mais de 128 cantos diferentes e, os mais conhecidos são: Praia Grande, Paracambi, Uberaba, Vi-te-teu, Mateiro (que é o natural do pássaro). Quanto à repetição pode ser curto (de 1 a 4) ou longo (mais de 5). O canto mais difundido por todo o Brasil é o chamado Praia Grande. Esse canto é originário das praias paulistas e, atualmente, está extinto na natureza, ou seja, os pássaros selvagens não mais o emitem. Por isso, a preocupação dos criadores de todo Brasil é que seja mantido, em cativeiro, esse tipo de canto. No Sul, temos o canto Florianópolis ou Catarina.
O curió além de excelente cantor é um imitador nato, por isso, não é aconselhável criá-lo com outras espécies de pássaros, porque ele aprenderá facilmente o canto delas, perdendo assim a pureza de suas notas musicais características. O melhor tempo para o curió aprender a cantar é quando novo, ainda com 3 meses. Colocando o pássaro para escutar o canto de fita, CD ou de um mestre (pássaro do plantel que tem o melhor canto), mas também pode aprender depois de velho se ele for cabeça mole (nome dado pelos criadores, um curió que ao escutar um canto diferente do seu, troca de canto). Você pode encontrar gravações (CD) de canto de curió, especiais para o treinamento de filhotes e aperfeiçoamento do canto de curiós adultos. Para conseguir informações de como obter esses discos consulte as Associações de Criadores.


REPRODUÇÃO
Na natureza o curió defende com muita garra seus domínios. Se alguma outra ave se aproxima do ninho, ele a repelirá até com certa violência. Em cativeiro não será difícil procriar a espécie, desde que seja reconstituído o seu habitat natural. Para isso, você deve criá-lo em gaiolões ou viveiros. Nos viveiros devem ser plantadas pequenas árvores como pinheirinho. Nos gaiolões, devido ao espaço menor, coloque alguns ramos de bucho (tipo de vegetação) para a fêmea usá-los na construção do ninho. Este ninho pode ser encontrado em qualquer loja especializada e colocado na gaiola. O importante é colocar as gaiolas em local arejado, que não seja escuro, não sofra correntes de ar e nem excesso de calor ou frio e, se possível, receba os raios solares da manhã.
O reprodutor deve gozar de total saúde, e a fêmea também deve estar com boa saúde e deve estar pronta para a procriação. Não se deve cruzar pássaros consangüíneos para não ocorrer degeneração. A fêmea deve ter de 1 a 4 anos de idade, que é seu período de postura, embora algumas continuam com a postura mais tempo. Depois do nascimento do filhote é aconselhável deixar por perto o macho para ensinar o filhote a cantar.
Para que o acasalamento aconteça, coloquem o macho e a fêmea inicialmente em gaiolas separadas, mas próximas uma da outra. Após cinco dias desse "namoro" à distância, junte as duas gaiolas. Nesta fase, principalmente pela manhã, coloca-se a palha e deixa-se o macho "rachar" para a fêmea, sem contudo tirar a divisória entre as gaiolas. Uma boa técnica é despertar a curiosidade de ambos, abrindo a divisória lenta e gradualmente, sem retirá-la completamente e de uma só vez. Seguro de que a fêmea pedirá "gala" e, após 10 a 25 minutos de observação, será feita a retirada literal da divisória, considerando que os dois passadores já estarão abertos. Ocorrendo a "cobertura", deve-se repetir os mesmos procedimentos no dia seguinte.
É nesse tempo que a fêmea vai preparar o ninho. A fêmea normalmente põe dois a três ovos, que são chocados em torno de 12 dias. Quando os filhotes nascem, levarão cerca de 10 a 14 dias para saírem do ninho. É nesse período que os filhotes começam a exercitar as asas e as pernas, por isto, deve-se colocar o ninho em lugar baixo para evitar que os filhotes morram por uma eventual queda. Com 20 a 25 dias os filhotes começam a gorjear (cantar).
Quando eles estiverem com 30 dias mais ou menos, já se alimentam sozinhos, devem ser retirados da companhia da mãe. Não deve ficar na gaiola do pai isso é muito importante porque o macho, inexplicavelmente, poderá feri-los se ouvir cantos de outros pássaros. Por isso, coloque os filhotinhos em gaiolões para voarem e se desenvolverem.
O curió é conhecido pela higiene e limpeza do ninho. Isso é tão marcante na espécie que alguns criadores não colocam mais a coleira de identificação na perna dos filhotes enquanto estão no ninho, porque a mãe curió vai retirá-las podendo até ferir os filhotes nessa tentativa. Ela não aceita nenhum objeto estranho ou sujeira no ninho.
A troca de pena e bico é feita no período de abril a junho (podendo variar de um pássaro para outro e de regiões), neste período há uma queda da resistência e o curió está sujeito a pegar febre e outras doenças. Convém cobrir a gaiola para evitar o vento e, dar boa alimentação e deixar a gaiola bem limpa. Neste período o curió provavelmente deixará de cantar.

ALIMENTAÇÃO
O curió principalmente seus filhotes se alimentam de
Tenébrio Molitor que devem ser criados em casa. Quando a criação de tenébrios estiver pronta, separa-se algumas, e de coloca em um pratinho com leite em pó. Elas vão se alimentar com o leite e quando consumidas pelos filhotes, se tornarão um alimento duplamente rico em proteínas.
Outros alimentos são os gafanhotos, cupins, pão molhado em água e milho verde, além das misturas para pássaros, alpiste e painço, ovo (clara e gema) cozido.
A alimentação dos filhotes deve ser deixado por conta das mães. Não deve colocar o alimento diretamente no ninho dos filhotes, mas sim deixar que os pais façam isso. Nesse momento é importante observar os cuidados que eles dispensam aos curiózinhos. Deixar a disposição da mãe os alimentos de matrizes e adicionar 8 Tenébrios Molitores para cada filhote por dia.
Tomar cuidado na compra frutas e verduras, tendo certeza de que não foi passado inseticida na plantação e se estão estragadas. As verduras (almeirão, chicória, espinafre, catalonia) e legumes (milho, abobrinha, jiló) poderão ser dados ocasionalmente durante todas as fases da criação. O grande cuidado a se tomar é com as verduras, pois deverão ser bem lavadas e colocadas pôr 30 minuto em uma solução de água (98%) e vinagre (2%). Evite alface e salsa.
O uso de ração extrusada, por conter todos os ingredientes necessários à boa alimentação, tem sido recomendada por especialistas.


VITAMINAS
As vitaminas são muito importantes para os pássaros, mas ela precisa ser complementada com proteínas e sais minerais.
Vitamina "A": Auxilia no crescimento e é indispensável para o organismo defendendo escorbuto e protegendo a epiderme, é encontrada no pepino, na gema de ovo e na cenoura Vitamina "B": (B1, B2, B6 e B12) ajuda no desenvolvimento dos filhotes e fortalece os nervos, é encontrada no pão, couve, cenouras e gema de ovo. Vitamina "C": Dá boa condição ao sangue e é preventivo contra moléstia da pele, é encontrada no tomate, laranja e limão. Vitamina "D": A falta desta vitamina causa raquitismo, é encontrada nos raios solares, na gema de ovo e no leite (apenas em tratamento). Vitamina "E": Proporciona vigor mental e também estimula e fertiliza os pássaros, é encontrada no germe do trigo, amendoim, agrião e flocos de aveia. Amido, açúcares e gorduras: importante para os pássaros proporciona energia e bom sono, é encontrada na farinha e na gema de ovo. Proteínas: necessária para o crescimento e para manter bem os ossos, a pele e o sangue. Ajuda para evitar doenças, é encontrada no leite, ovos, pão, cereais, carne (Tenébrio Molitor) Cálcio: Para formar os ossos, coagular o sangue, regular a pulsação, contrair e relaxar os músculos, é encontrado no almeirão, na casca de ovo e no osso de Siba. Ferro: Para produzir sangue e outras células, é encontrado na carne (Tenébrio Molitor), no almeirão e agrião. Iodo: Importante durante a adolescência e o período de postura, é encontrado no agrião e couve. Fósforo: Ajuda as funções do cérebro e do sistema nervoso, é encontrado na carne (Tenébrio Molitor), ovos e trigo.

DOENÇAS
Como todas as aves o curió esta sujeito a doenças, conheça as mais comuns nessa ave:
Canibalismo: É o vício dos pássaros bicarem uns aos outros, comer pena, causando ferimentos, que às vezes leva até a morte.
Coccidiose: É uma doença parasitária causada por protozoários da ordem Coccidia.
Diarréia: Uma doença comum nos pássaros em que o mesmo evacua freqüentemente (liquido abundante).
Gripe Coriza ou Resfriado: Os pássaros são atacados nas vias respiratórias perdendo o apetite, dormindo constantemente e parando de cantar.
Sarna: Esta doença é causada por um parasita que deixa as pernas dos pássaros mais grossas e infeccionadas.
Verminose: É causada pela má higiene na gaiola, seus sintomas são: diarréia, fraqueza, tristeza.
A LEI E O IBAMA:
O curió é um animal protegido por lei, seu comércio é restrito a Normas do IBAMA. Esta ave vinha sendo aniquilada e estava desaparecendo da natureza em conseqüência dos desmatamentos desenfreados, a poluição de rios e lagoas, e a ação de agrotóxicos presentes nas plantações. Veja o que diz o IBAMA sobre a criação de animais da fauna brasileira em cativeiro para fins comerciais ou econômicos, previstos na Portaria IBAMA Nº 118-N e 117-N, ambas de 15/10/97.
A criação e manutenção de animais silvestres em cativeiro para fins científicos, comerciais, educacionais e conservacionistas são reguladas através instrumentos legais que visam a normatização das atividades em consonância com as leis de proteção à fauna nativa. A criação com finalidade comercial é normatizada pela Portaria nº 118-N de 15/10/97, sendo a comercialização regida pela Portaria nº 117 de 15/10/97.
A utilização da fauna silvestre exige um plano de manejo e criação baseado em pesquisa e no real conhecimento de cada espécie em foco, assegurando assim, o sucesso reprodutivo, de crescimento, econômico e conservacionista.
A importância da vida silvestre para o homem tem-se acelerado à medida que a ciência adquire novas tecnologias em busca da melhoria da qualidade de vida das sociedades humanas. No entanto, a visão tradicional da valoração econômica aplicada aos recursos faunísticos encontra, em nossos dias, problemas de ordem ideológica defendida, principalmente, por aqueles que rejeitam a visão antropocêntrica de que a humanidade é o centro de tudo que tem valor e que as outras criaturas só têm valor enquanto nos servem. Nesse sentido, o manejo de fauna sob uma visão mais moderna leva em consideração não só argumentos econômicos, mas também, fatores relacionados à conservação da natureza.
Nas últimas décadas, alguns criadores têm redefinido seu papel no mundo da conservação, não mais se preocupando em simplesmente colecionar animais, mas também, de criar com fins conservacionistas. Ainda assim, alguns pontos de discussão permanecem abertos, como problemas de ordem genética e comportamental dos animais criados em cativeiro em relação ao possível sucesso diante de uma tentativa de repovoamento em uma área natural.
Seja qual forem o tipo de criação e seus objetivos, as normatizações das atividades, principalmente aquelas relativas à comercialização de animais vivos assumem papel primordial por reprimir a ilegalidade, o que traduz uma prioridade, se considerarmos que tal ilícito é fator de destaque quanto ao status de ameaça de sobrevivência para muitas espécies de nossa fauna.
Entre as muitas espécies de interesse para a criação, destacam-se aves canoras como bicudos e curiós, altamente apreciadas pela excelente qualidade do canto, associados à sua elegância e conhecimentos já adquiridos de manejo em cativeiro.